O termo da moda reflete posturas anteriores e ao mesmo tempo atuais. Em uma época em que tudo é rápido demais e sobressai a superficialidade das relações, sumir sem deixar respostas, apresenta-se como ato corriqueiro.
A palavra ghosting tem sido usada para descrever a situação na qual, em uma relação, uma das partes se faz ausente repentinamente, não deixa avisos e opta por ignorar qualquer tentativa de contato. Apesar de ser um termo contemporâneo, esse é um comportamento antigo, muito comentado em relações amorosas, mas que na verdade, é comum em todo tipo de relacionamento.
Decidi escrever sobre esse tema porque há alguns dias esbarrei em um vídeo no tiktok, no qual havia um edit, em que aparecia uma frase mais ou menos assim: “Ser descartada por ficante é péssimo, mas vocês já sentiram a dor de ser descartada por uma amiga, que você confia e quer levar para o resto da vida?”. Não encontrei mais o vídeo para deixá-lo linkado aqui, mas fiquei com essa frase ecoando por alguns dias e refleti sobre como a dor de perder alguém dessa maneira é intensa. Chamo atenção aqui, para o fato de que eu estou fazendo um recorte sobre relações que iam bem, sem grandes conflitos e desgastes percebidos ou comunicados.
Observo que a pessoa que sofre o ghosting, nesse contexto, na tentativa de compreender o que aconteceu, tem uma propensão a buscar maneiras de resolver a situação, pedir desculpas se for o caso, mas a pessoa que se foi, já não tem mais qualquer abertura. E esse afastamento repentino, tende a gerar um desconforto tremendo, porque na maior parte das vezes, a pessoa deixada pelo meio do caminho, nutria sentimentos bons por aquela que escolheu se afastar. E ser descartada, sem qualquer possibilidade de entendimento sobre os motivos que levaram a esse desfecho, é algo muito complexo para se lidar. Visto que, não ter informações precisas, tende a dificultar a elaboração do luto sentido em todo tipo de perda. A situação me faz pensar sobre o abandono e nesse quesito, sobressai o fato de que ele tende a produzir todo tipo de impacto negativo. Quando trata-se do ghosting, destaca-se um prejuízo em especial, que é o dano, quase sempre presente, na autoestima. Noto que muitas pessoas buscam sozinhas pelos motivos do afastamento repentino e ao não ter para onde correr, questionam-se sobre terem feito algo de errado ou não serem boas companhias. Analisam as condutas dentro da relação e, principalmente, inclinam-se a colocar em questão o valor pessoal.
Quando trata-se dos motivos, pensando no contexto que estou destacando, muitas podem ser as causas para o ghosting: mudança de prioridades; encontro de amizades mais alinhadas com o perfil pessoal; problemas pessoais, em que a solução encontrada foi se isolar; falta de habilidades sociais; incompatibilidade de valores; entre muitas outras. Na maior parte das vezes, as motivações são uma combinação de fatores.
O que fica de reflexão, independente do motivo e para além da dor, é que a pessoa optou por se distanciar. E isso, na maior parte das vezes, comunica a importância que a pessoa te dá. Salvo casos em que essa pessoa está mal, passando por algum momento muito difícil da vida, a mensagem de desaparecer é clara: ela não quer mais fazer parte da sua vida e nem que você faça parte da vida dela. Mesmo que, em algum nível, essa pessoa se importe com você, o afastamento através de um sumiço, além de ser um fato, ainda que não seja integralmente intencional, é uma maneira desrespeitosa de sair da vida de alguém que se importa e quer vê-la bem.
Para quem fica a ver navios, é importante compreender que essa conduta, também diz sobre o que a pessoa é capaz de oferecer em uma relação, em termos de responsabilidade emocional e afetiva.
Para ajudar a pensar um pouco, eu deixo algumas perguntas e possibilidade de reflexão: o que você entende que fará mais sentido diante desse comportamento?; até que ponto vale a pena permanecer esperando, perguntando, indo atrás?; como era essa relação?; se possível, revisite momentos importantes que passaram juntos(as) e analise o quanto você valorizou essa pessoa e o quanto ela te valorizou, enquanto vocês tinham contato. Não há respostas certas para as perguntas e analise propostas aqui, cada caso é único e cada processo interno também. Espero ter ajudado a pensar.
Caso sinta-se confortável, deixe uma curtida e um comentário para que esse post possa atingir mais pessoas. Abraço!
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